Multiplicidade artística como marca registrada de uma poeta, atriz e performer jurunense

Nas poesias, roteiros, artes visuais, danças e interpretações, a multiartista Carol Magno oferece ao mundo de diferentes formas o que sabe fazer de melhor: arte.

Cria do Jurunas, na infância ela descobriu o amor pelas letras. “Eu comecei na literatura desde criança. Eu fazia pequenos livros manuais e vendia na minha vila. Sempre fui muito estimulada a trabalhar com a literatura e a criatividade, por conta da minha mãe, que é professora, e do meu pai de criação, que era um grande leitor. Eu fazia esses livros e vendia a 5, 10 centavos para os meus vizinhos”, relata a artista ao falar que ali estava o embrião da literatura na sua vida.

A poesia foi sua primeira linguagem artística. Mas Carol também fez parte de um grupo de dança da escola e, para explorar ainda mais o universo artístico, ainda ingressou nos universos da música e do teatro.

Carol Magno no espetáculo Jurunaldeia. Foto: Danielle Cascaes.

Ao ingressar na Universidade Estadual do Pará, no curso de Letras, a literatura se abriu ainda mais para ela: hoje a artista trabalha com crônica, dramaturgia e literatura em vídeo. Com a fundação do Coletivo Mergulho, do qual ela é cocriadora, ela passou a integrar também as artes visuais no seu percurso artístico.

Carol Magno em performance para o clipe da música "Riozinho" (álbum Cantos de Encantaria, do Coletivo Mergulho). Foto: Rogério Folha.

 

Universo artístico intercalado ao acadêmico

Pesquisadora e artista de misturam em uma só. Atualmente Carol está cursando o doutorado, e ela conta como é conciliar arte e academia. "Sento pela manhã, leio e escrevo, trabalho com projetos artísticos escrevendo em editais, como professora e revisando textos. Geralmente eu faço revisão de livros, de trabalhos científicos e acadêmicos. Atuei como professora de cursinho popular até pouco tempo, agora estou procurando ocupar outros espaços a partir dessa formação", comenta.

 

O que sua arte comunica

A arte de Carol explora diversas temáticas, como pertencimento, sexualidade e gênero. O falar do feminino/feminismo na sua produção foi potencializado após uma perda da jovem. "Meu trabalho deu uma guinada para o gênero quando eu perdi a minha tia para o feminicídio na frente de casa. Isso foi uma virada de chave para mim, para eu refazer toda minha rota enquanto artista”, relembra.

 

O lugar ocupado pelo bairro do Jurunas

Mesmo com a mudança recente do bairro do Jurunas, Carol sente que sua alma é jurunense. Ela explica que, para qualquer pessoa que tenha saído do bairro, nunca perde essa relação de pertencimento. “Se você perguntar para qualquer pessoa de lá de onde ela é, imediatamente ela vai te responder ‘eu sou jurunense’. Eu digo isso para todo mundo", comenta a artista.

Carol Magno em feira do Jurunas. Imagem: Deco Barros.

E ela critica os estereótipos construídos sobre a periferia, por isso faz questão de marcar a sua territorialidade e, com isso, romper os preconceitos. “Eu sou uma artista do Jurunas. Belém vem, mas vem em segundo lugar. Tem uma importância em demarcar isso, porque essa desconstrução [de estereótipos] precisa ainda acontecer”.

A relação de Carol com o bairro também é muito presente em seus sonhos para o futuro. Ela deseja um dia retribuir ao Jurunas o que ela recebeu. "Transformar a casa onde eu cresci em um espaço cultural... quero muito fazer isso. Quem sabe eu não consiga fazer da casa que é minha e foi casa de toda a minha família um lugar para mais pessoas do bairro?”.

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