MÉTODO DE EDUCAÇÃO POPULAR
Desde 1994, a Rádio Margarida criou uma técnica própria de trabalho, em parceria com a Universidade Federal do Pará e coordenada pelo Prof. Dr. Osmar Pancera. A prática, que vem sendo adotada em todos os projetos em que atua, é o MÉTODO DE EDUCAÇÃO POPULAR, que utiliza as linguagens artísticas (teatro, teatro de bonecos, palhaço, brincadeiras, música) e os meios de comunicação social (radiodifusão, áudio e vídeo popular e produção digital) para sensibilizar e educar crianças, adolescentes e adultos.
As linguagens artísticas e os meios de comunicação social são mediadores e proporcionam aproximações dentro do processo de criação e produção artístico-cultural da ONG, ao tratar de temas e conteúdos de interesse coletivo, como: saúde, educação, arte, cultura, direitos humanos, meio ambiente, violência, dentre outros.
O objetivo da utilização deste método é o de reafirmar a arte como socialização da cultura para transformação social. Utilizamos as categorias COMUNICAÇÃO, SENTIMENTO e AÇÃO TRANSFORMADORA, que se materializam na produção artística e cultural de textos teatrais, músicas, brincadeiras, vídeos, programas de rádio e outros processos pedagógicos e produtos educativos, desencadeados em eventos, campanhas e projetos.
*O Método de Educação Popular pode ser conhecido pela leitura da tese de doutorado do fundador da ONG, Osmar Pancera, disponível aqui.
A Comunicação
A comunicação é compreendida por nós como mediadora de construção de conhecimento e experiências de vida e vai além da troca de informação entre sujeitos, sem negar a importância da troca. Oportuniza relações sucessivas e aproximações de saberes e entendimentos entre sujeitos e protagonistas. A comunicação não se configura em um monólogo em que existe um transmissor e outro receptor, mas em pessoas e cidadãos que dialogam suas experiências e percepções acerca de realidades vivenciadas. Numa perspectiva libertadora a serviço da transformação social, a Comunicação encurta os caminhos do entendimento e compreensão, desmistifica, possibilita a vez e voz do oprimido, estabelece as mediações necessárias pela imagem, áudio, palavra escrita e falada.
O Sentimento
Diz respeito às maneiras de levar e trazer a informação para dentro de cada um de nós, à sensibilização, à emoção que os meios facilitadores transmitem, às mediações para mexer nas posições, ao lúdico, que não é um fim em si mesmo, mas deve conduzir à ação. Dentro de uma perspectiva humanista e dialógica, esse sentimento não pode ser ignorado e nem escondido, pois é inerente ao ser, ao homem no mundo e à composição da essência humana. Sentimento que pode ser relacionado às mais diversas formas de expressão da criatividade e da manifestação do mais íntimo e puro da existência humana. Sentimento que está presente em diversas formas de comunicação e educação popular que lida com gente e pessoas que podem ser elevadas à condição de cidadãos, homens livres, que dialogam entre si e com o mundo.
A ação transformadora
Se não puder ser realizada de uma só vez, é partilhada em atos, com união, organização de pessoas, grupos e movimentos sociais. Como categoria, “a ação corresponde a uma tomada de decisão, manifesta a mediação da vontade, obtida por meio do pensado e do refletido com base nas experiências anteriores, permeada pelos sentimentos, a fim de colocar a ética e moral em movimento, ou seja, a posição política na prática, que é uma ação transformadora” (PANCERA, 2002, p. 73). A ação transformadora que segue a mesma linha condutora da dialogicidade e da teoria da ação dialógica de Paulo Freire (1979).