No sábado, 25, o bairro do Jurunas recebeu o ato-show e mostra cultural do projeto Artecidad(e)ania com muita música, dança e diversas outras manifestações artísticas. Organizado pela Rádio Margarida com a ajuda de lideranças do bairro, e patrocinado pela Equatorial Energia, por meio da Lei Semear (Governo do Pará), o evento buscou proporcionar maior visibilidade para a cultura que é produzida no local.

Programação foi realizada na rua, de forma gratuita, para democratizar o acesso da população (Foto: Deco Barros).

Para Osmar Pancera, fundador da Rádio Margarida, o mais marcante na programação foi a alegria dos moradores do bairro que contagiou a todos e todas e não esmoreceu nem com a chuva. “Foi significativa a felicidade e a animação nessa mostra, que começou junto com as crianças e continuou depois da chuva com o carimbó, o pagode e a quadrilha junina”, comentou.

Quadrilha "Caripunetes" animou o público (Foto: Deco Barros).

Teatro de bonecos abordou de forma lúdica os temas saúde bucal e aliciamento para as crianças (Foto: Deco Barros).

Programação contou com a animação dos palhaços da Rádio Margarida (Foto: Deco Barros).

As crianças interagem com personagens do teatro de bonecos da Rádio Margarida (Foto: Deco Barros).

Além da apresentação de teatro de bonecos educativo para as crianças, o público também assistiu à apresentação de Samu Periférico e da quadrilha do bairro denominada Caripunetes, dançou ao som do Grupo Samba Blacks e do grupo de Carimbó Grão Pará e ainda pôde ver ao vivo a pintura dos grafites feitos pelos artistas Ordep e Santo.

Grupo Samba Blacks animou o público presente (Foto: Deco Barros).

Ordep e Santo na produção do grafite que tem como tema "Arte e cidadania" (Foto: Carmen Chaves).

Público assiste à apresentação do Grupo de Carimbó Grão Pará, do Barreiro (Foto: Deco Barros).

Na Mostra Cultural também foi exibido um trecho do webdocumentário produzido pela Rádio Margarida com três artistas do bairro: Carol Magno, Samu Periférico e Ordep, além de três outros artistas do Barreiro. Confira aqui o webdoc Arte e Cidadania - caminhos que se cruzam em Belém do Pará.

Projeto fez reverberar a voz da periferia

Para Carol Magno, atriz, poeta e performer jurunense que participou do Artecidad(e)ania, em geral inciativas desse tipo não privilegiam artistas da periferia, sobretudo mulheres. “Mas este é um espaço que os artistas da periferia precisam ocupar. E esse projeto trouxe uma outra voz que não a voz do centro dominante”, comenta.

Na programação, Carol recitou poemas do seu livro "Feminino à queima-roupa" e do ritual cênico "Jurunaldeia" (Foto: Deco Barros).

De acordo com ela, o projeto também foi uma forma de visibilizar sua trajetória enquanto sujeita de um lugar que reverbera em toda a sua prática artística. Carol explica que existe uma forma de enxergar o mundo que é constituída nesses lugares, e que há toda uma versatilidade nas linguagens dos artistas da periferia. "Os artistas que foram escolhidos para o documentário são múltiplos e conseguem levar a todos o que é a nossa periferia, que é diferente da periferia de outros lugares. Os artistas daqui têm uma profundidade técnica e criativa que são importantes para a cidade de Belém”, concluiu.

Apresentação do Grupo de Carimbó Grão Pará (Foto: Deco Barros).

Os ritmos regionais do Grupo de Carimbó Grão Pará animaram o público presente (Foto: Deco Barros).

Osmar Pancera, que acompanhou a execução do projeto desde o início, avalia de forma positiva o Artecidad(e)ania como um todo. "Alcançamos os objetivos com louvor, porque foi essa a avaliação feita pelos artistas que participaram do projeto. Os artistas puderam mostrar seus trabalhos numa vitrine via web, o que permite que sejam conhecidos para além das suas localidades", comentou.

Além disso, ele ressaltou a importância de mostrar que nesses bairros existem pessoas que trabalham produzindo arte, cultura e educação. "Através do Artecidad(e)ania, pudemos mostrar esses artistas, seus processos criativos e a relação com seu bairro, em geral territórios com pouca visibilidade e acessibilidade aos bens culturais, bem como a diversidade e riqueza artístico-cultural-humanitária existente na cidade de Belém", concluiu.

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