Matéria: Mayra Peniche

Na quinta-feira, 16 de junho, o bairro do Barreiro, em Belém, recebeu o ato-show e a mostra cultural do projeto Artecidad(e)ania. Com feira de artesanato, muita música, dança e cultura, o evento foi organizado pela Rádio Margarida com a ajuda de lideranças do bairro para proporcionar maior visibilidade para as artes que são produzidas no local. O projeto e a programação têm o patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear, do Governo do Pará. No dia 25 de junho será realizada a programação no bairro do Jurunas.

Obras do artista Awazônia, um dos artistas do Barreiro apresentados no webdoc Arte e Cidadania. Ao fundo, crianças participam da contação de histórias.

Mestre Raiol canta junto aos demais integrantes do Grupo Grão Pará (Foto: Deco Barros).

Integrantes do Grupo Parafolclórico Pará Caboclo, formado por crianças e jovens e liderados por Laura Sena, artista apresentada no webdoc Arte e Cidadania (Foto: Deco Barros).

Grupo Pará Caboclo dança ao som do grupo Carimbó do Seu Nezinho.

As múltiplas linguagens artísticas deram o ar da graça no evento. As crianças ficaram encantadas com a contação de histórias feita por Janete Borges e com a apresentação de palhaçaria e teatro de bonecos da Rádio Margarida. Interpretado pelo arte-educador Adelson de Souza, o personagem Dentinho alertou as crianças presentes no evento sobre a importância da saúde bucal e sobre o aliciamento infantil.

Apresentação de teatro de bonecos trouxe conteúdo educativo de forma lúdica para as crianças (Foto: Deco Barros)

A contadora de histórias Janete Borges faz apresentação para o público infantil.

Paula Barros, moradora do Barreiro, conta que foi muito bom receber um evento assim no local. Ela comentou que eventos do tipo contribuem para desmistificar que o lugar é só violência e criminalidade. "Apesar de ser moradora recente, meu companheiro mora aqui desde criança e ele viu desde sempre como era e como o bairro está se transformando. E eu acredito que toda e qualquer manifestação artística é importante, principalmente para os bairros periféricos", comenta Paula.

 

Bairro de barulho e dignidade

Paula define o Barreiro em uma palavra: “barulho”. "Para mim, ele é o bairro do barulho, no sentido de que aqui se manifestam os vários tipos de sons, seja os sons do rio, dos carros, das pessoas que escutam brega nas suas casas. São manifestações de todos os tipos, todas as idades e todas as cores, é o povo na rua mesmo", conclui a moradora.

Grupo Carimbó do Seu Nezinho também fez apresentação de ritmos regionais (Foto: Deco Barros).

E foi fazendo barulho que as apresentações entraram pela noite nas margens do Canal São Joaquim com a passagem Mirandinha. A mistura de ritmos no ato-show contou com a apresentação do grupo de carimbó Grão Pará e com o grupo Carimbó do Seu Nezinho, e a dança ficou por conta do grupo Pará Caboclo, liderado por Laura Sena, com a apresentação de crianças, adolescentes e jovens do bairro.

Grupo Carimbó do Seu Nezinho (Foto: Deco Barros).

Crianças do Pará Caboclo fizeram diversas apresentações durante a noite de programação (Foto: Deco Barros).

Crianças do Pará Caboclo dançam ao som do Carimbó do Seu Nezinho (Foto: Deco Barros).

Jovens do Grupo Pará Caboclo (Foto: Deco Barros).

A bailarina e coreógrafa Laura Sena, do Grupo Pará Caboclo, fala sobre o trabalho desenvolvido por ela e pelo seu irmão no bairro e agradece ao projeto Artecidad(e)ania.

Integrantes do Grupo Grão Pará também fizeram apresentação de dança.

Durante a apresentação do Grão Pará, o músico Manoel Fonseca fez uma exaltação ao Barreiro. “É um bairro digno tanto quanto Batista Campos, Nazaré! As mortes de nossos jovens negros não podem ser justificadas como defesa da criminalidade. Nós não somos um bairro de zona vermelha. Nós somos o Barreiro!”, disse sob os aplausos da comunidade.

Além dos ritmos regionais, a noite também teve participação especial de Samu Periférico, do Jurunas, que fez uma amostra de suas composições autorais que falam sobre empoderamento do povo preto e periférico.

Ao fundo, Samu Periférico faz apresentação.

Awazônia, fotógrafo e artista visual do Barreiro, abriu a batalha de rap com rappers do bairro falando sobre a importância do trabalho coletivo. “A batalha de rap me faz sentir vivo. O rap vem para despertar as mentes, para fazer a gente pensar. O coletivo me faz acreditar que a gente pode sim mudar as coisas. A gente consegue, mas não consegue nada sozinho”, disse ao público. 

Rappers fazem batalha com temas como natureza e cidadania (Foto: Deco Barros).

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