É muito provável que você tenha ouvido alguém mencionar, tenha falado em algum momento ou utilize constantemente uma dessas palavras ou expressões. Mas precisamos alertar: todas elas são racistas. Se estão naturalizadas, precisamos desnaturalizar. Se parece uma brincadeira inocente, tente ver a violência simbólica que está por trás. Se já se enraizou no vocabulário, arranque essa raiz e crie um novo dicionário livre de qualquer tipo de opressão.
Acreditamos na educação como forma de transformar realidades. Então convidamos todos a “desalfabetizar” junto conosco as estruturas sociais que legitimam o uso dessas palavras e expressões racistas.
“Mulata”
A palavra se refere à mula, um animal originado do cruzamento de burro com égua. Na época da escravidão, muitas mulheres escravizadas eram abusadas pelos patrões e acabavam engravidando. Os filhos eram chamados de mulatos por serem filhos de um homem branco com uma mulher negra.
“Denegrir”
Palavra associada ao sentido de difamar ou injustiçar alguém. Mas segundo o dicionário Aurélio, a definição de “denegrir” é “tornar negro, escurecer”. Portanto, é uma palavra em que negro é usado com sentido negativo.
“Lista negra”/”magia negra”/”mercado negro”/”ovelha negra”
Refere-se à cor negra como algo ruim. Palavra negro/negra tem sentido pejorativo.
“Criado-mudo”
Um dos papéis desempenhados pelas pessoas escravizadas dentro da casa dos senhores brancos era o de segurar as coisas sem fazer barulho para não atrapalhar os moradores. Por isso, eram considerados mudos.
“Inveja branca”
Associação da cor branca com algo bom, positivo. Em contraposição, a cor preta sempre refere-se ao que é negativo e ruim.
“Dia de branco”
Associação a dia de trabalho. Como se apenas pessoas brancas trabalhassem.
“Doméstica”
Domésticas eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domesticadas. Isso porque os negros eram vistos como animais e por isso precisavam ser domesticados através da tortura.
“A coisa tá preta”
Associação entre preto e algo ruim, difícil.
“Serviço de preto”
Associação de preto com preguiça e descuido.
“Cor de pele”
Geralmente utilizada para se referir à cor de maquiagem que tem a tonalidade rosada, de pessoas brancas. Porém, existem muitas cores de pele. Só a população negra representa 55,4% (soma de pretos e pardos, segundo IBGE) da população brasileira (Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua).
“Da cor do pecado”
Hiperssexualização da mulher negra.
“Tem um pé na cozinha” / “tem um pé na senzala”
Referindo-se a alguém que tem origem negra.
“Não sou tuas negas”
Coloca as mulheres negras como qualquer uma, como objeto.
O Para Todos (Programa Sesc Senac de Diversidade) também divulgou uma cartilha que traz algumas destas e outras expressões e palavras racistas para excluirmos do nosso vocabulário. Confira aqui.